Agora abro os olhos. E recordo-me de um livro que um amigo apresentou hoje na aula de Português: Memórias de Elefante de António Lobo Antunes.
"São 5 horas da manhã e juro que não sinto a tua falta. Está frio, as casas e as árvores nascem lentamente do escuro, o mar é uma toalha cada vez mais clara e perceptível, mas não penso em ti. Palavra de honra que não penso em ti. Sinto-me bem, alegre, livre, contente, oiço o último comboio lá em baixo, adivinho as gaivotas que acordam, respiro a paz da cidade ao longe, desdobro-me num sorriso feliz e apetece-me cantar. Podes achar idiota, mas preciso de qualquer coisa que me ajude a existir."
Não é verdade. Sabes que não é. Mas gostava sinceramente que fosse. Nem que fosse só para te dizer. Já não estou confusa, ao menos isso. Continuo a não saber o que quero, mas estou certa do que não quero. Gostava que fosse verdade só para transcrever para aqui, sem estar sujeita a monólogos. É verdade que falo sozinha. Discuto comigo mesma maneiras de me absorver, de me mentalizar. Mas não é verdade. Só sei o que doi, e tu também sabes o que me dói.
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