Sunday, January 22, 2006

Madalena só sentada junto à banca, [...] um livro aberto no regaço, e as mãos cruzadas sobre ele, como quem descaiu da leitura na meditação.

(repetindo maquinalmente e de vagar o que acaba de ler).

Naquele ingano d'alma ledo e cego,
que a fortuna não deixa durar muito...

Com paz e alegria d'alma...um ingano, um ingano de poucos instantes que seja... deve de ser a felicidade suprema neste mundo. E que importa que o não deixe durar muito a fortuna? Viveu-se, pode-se morrer. Mas eu!... (Pausa) Oh! que o não saiba ele ao menos, que não suspeite o estado em que eu vivo... este medo, estes contínuos terrores, que ainda me não deixaram gozar um só momento de toda a imensa felicidade que me dava o seu amor. Oh! que amor, que felicidade... que desgraça a minha ! (torna a descair em profunda meditação ; silêncio breve).

Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett

2 comments:

s said...

óptima ideia! não comento as coisas profundas, apenas as superficiais.

Pyny said...

Ah, Inês, Inês! :p