Saturday, May 20, 2006

sinto falta daquela boa-educação, das palavras complexas, da prisão do dicionário que só dá mais beleza aos sentimentos mais duradouros. Não é só uma questão de palavras, é uma questão de dialectos, de tentativas bem sucedidas de embelezar os diálogos, as frases que se oferecem.
Às vezes emersa no meu cinema encontro filmes que as trazem à baila, que nos mostram como a amizade ou o amor se enaltecem nestes tons ardentes, depois encontramos gírias que nos afundam em estilos que adoptamos a cada dia que passa, que é sempre diferente de nós.
Faltam também os mergulhos gelados da alma, o choro da pele que é nossa, coisas tradicionais que com o fumo nos esquecemos de estremecer. São assim as pequeninas fúrias que, mesmo não nos fazendo crescer, nos dão centímetros aos ossos, nos enrugam a pele perante gargalhadas e anos de sentimentos, nos enfraquecem o coração, que nos abominam a vontade de viver num desconforto exasperante da entrega à obrigação.
Sinceramente às vezes reduzo-me a isso mesmo, a um complexo mínusculo destas almas pequeninas de uma pátria à beira-mar, mas sempre que posso salto para a tentativa de ir contra tudo o que me obrigue a dobrar joelhos à proibição de vivência desta vida suprema de pores-do-sol, de cidades e carroças, de amigos e pessoas que nos fazem mal, porque lá está se vergam à velhice imunda e carrancuda do ódio a este sentimento de vida.
Mas eu sou como sou, quem me pode julgar num lastimoso estado de dormência também poderá viver na simplicidade que me toca o coração.

and so it is..

2 comments:

s said...

adoro-te pá

Mafalda said...

e aqueles que se entregam à carrancuda velhice e nao sentem rugas na pele pelos demais sorrisos, esses, que dizes amigos e no entanto não o são... deixa-os saber por si que um dia isso dar-lhes-à o maior dos gozos!