Friday, March 23, 2007

manobras

Já não encontro a mesma sensação nisto, neste turpor de ler, ler com palavras de sensação entaladas na garganta.

o turpor sou eu,
o dia não acalma, não assim.
"sozinho neste mundo"
não há nada que seja meu.

Porque venho aqui, naquele jeito perdido de tentar encontrar sentido para aquela falta "que tudo me faz". Mas nem tudo me faz, nem tento encontrar sentido para tudo o que existe. Olho assim o vazio que a vida atropela constantemente, o negro que os olhos buscam, o cansaço eterno que faz sorrir quando se alcança o que mais se abomina. Mas e o que mais abomino será o quê?, alguém me diz? Alguém me dá?
Então como posso assim sorrir? Mas é assim impossível, porque mesmo à luz da minha ignorância eu só consigo sorrir. Porque é aquele segredo, aquela liberdade que me solta os sentidos, aquela que sinto nos ossos, na alma, mesmo que em nada de liberdade detenha aqui. Porque é tudo o que sei de amanhã. E me é a mim suficiente.
Não que tenha qualquer vício de esperança, não há fé em vida que se sabe. Mas esperança é nos vazios de tudo o que não sabemos esperar a alma perdida de fantasmas que nos assolam em mansões não-assombradas. Ou por assim dizer, sem linguagem à-madalena, é tudo o que se tem quando não se sabe o que esperar. E eu nem lhe chamo esperança, chamo-lhe segredo.

Tenho medo de deixar de acreditar, e tenho medo de voltar. Engulo o cuspo que se fartou de esperar, e na desmedida proporção da saudade, ajoelho-me no chão junto das poucas e curtas cartas que recebi, e finalmente adormeço num descanço cansado, livre de sonhos.

2 comments:

Anonymous said...

"NÃO TENHAS MEDO" anjo Gabriel a Maria

Anonymous said...

desculpa as cartas, as que te queria escrver e nunca escrevi. não há desculpa, mas assim é a pura das verdades, nós prometemos escrever . . .
não tenhas medo de regressar, estamos aqui de braços bem abertos, para te agarrar e não te largar mais.
os dias passam . . . mas não tarda estás aqui junto de mim . . .
estou,.... estamos a tua espera.