Poderia escrever mil e uma coisas e ficar-me só por aí, que mil outras coisas surgiriam e o que está dentro de mim descanso não iria encontrar. Porque me apercebi que o facto não é que eu detenho o poder da escrita, mas sim a desilusão de sentir demasiado.
Quando se sente demasiado, demasiado se escreve. Ou demasiado se cala. Ou chora-se demasiado. Eu por mim, só fico demasiado assim. Nem escrevo, nem calo, nem choro. Só fico.
E deixo ficar. Porque sou feita destes abismos mesmo, mesmo feios. Que não quero, nem desquero. Porque fazem parte de mim. E o que sou eu afinal?
Sou feita somente de todos os meus medos, ambições, aquelas quedas por ele que nem nunca me deixam levantar outra vez, e esta maneira como parece que não me consigo desprender de vocês. E depois quando penso que sinto que não quero mais voltar, aí o rosto inunda-se de chão e os olhos que se deveriam encher de lágrimas ficam só assim, secos de mágoa. Porque eu sei que quero voltar, só tenho esta aterradora solidão dentro de mim, e a podridão do sentimento de não caber em lado nenhum.
Depois olho para amanhã. E não sei mais ver, nem esperar, nem rezar, nem pedir. Já não há deuses que me façam calar o silêncio do mau presságio. Já não há deus que me console de noite, nos maus sonhos, nas noites em que acordo dos pesadelos em que perco tudo. Todo o amor.
Eu sei, voltei aos agouros.
Eu sei. É só por agora. Sorrio também, ao amar a vida.
3 comments:
Ainda bem que apesar do sentimento de não caberes em lado nenhum continuas a sorrir. ;)
vou passeando pelo que escreves
Venoi
Aqui se aprende a sorrir com o bem e com o mal, a subreviver com aquilo que temos e a desfrutar da melhor maneira possivel... m simple sorriso pode criar um longo e Bom dia. "Don't worry be Happy"
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