Monday, September 01, 2008

Tu que foges

Será assim tão conceituoso querer ter um foco de atenção de vez em quando? Sem ser obrigatoriamente uma luz incandescente, ofuscante; apenas o necessário para que eu sinta que me levam a sério, que o que digo por vezes importa. Não sei bem se será a minha idade que me persegue, ou o facto de me demarcar sempre com companhias mais velhas; nem que faça sentido, mas sempre assim o foi.

Mas será realmente negativo? Eu gostar que olhem para mim, com olhos de ver, me procurem e tentem ouvir? Nem é necessário que me portem de maneira diferente, apenas como o fazem com aqueles com quem me dou. Talvez no final de tudo, o problema seja mesmo eu. Talvez eu não seja sequer interessante? Mas e então, terei eu de me expor sagradamente para que as pessoas vejam, que sim que sou humana, que sim tenho necessidades, e elas são iguais a todas as outras. Gostar de ser ouvida, gostar que gostem de mim, será realmente de uma negatividade atroz? Será um defeito ou cansaço?

Apercebi-me de certas falhas, talvez, hoje, e ontem e antes de ontem. Que sou pequenina, ainda mais do que me julgava e gostava de ser. Tudo em mim é pequeno, a coragem, as palavras, o tremor do sentimento. E o medo? Gigante. Talvez por isso não me oiçam. Talvez por isso me levam como levam, sem me conhecerem realmente. Porque não consigo ser quem sou em todas as partes do mundo, e ainda menos em casa. Então quando serei eu? Simplesmente quando o medo abala, e me enternece por saber que aqui serei melhor, que aqui te portarei e à memória. Quando fui melhor? Quando fui verdadeira? Quando fui eu?

A chamada de atenção é relativa, e não é só contigo. Olha-me, nem precisa de ser nos olhos que tremem quando te focam; olha-me simplesmente, como se realmente me procurasses, como se realmente quisesses saber de mim. Sou escuridão, mas abriste sequer a porta? Foge, então.

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