E é esta tristeza que me faz sorrir, a beleza que me conquista, me cega, me emociona. E aspiro novamente a um conforto que me deixe adormecer, que me deixe estar quieta, adormecida como não durmo há tanto tempo.
Tenho saudade hoje. Hoje sorrio de saudade, que não é nunca transparente. Mas sei que tomei a decisão certa, que nem estava nas minhas mãos. Tinha sempre de voltar, de regressar. Mas tenho saudade de ti, dos cheiros que haviam, da cor de estar longe e ser desejada. Levavas-me para longe de tudo.
Mas e depois, escrevo para ti e tu nem nunca foste. E serás sequer. Serás o que projecto, as ânsias, o coração cheio de uma alegria que explode e me deixa com sede de mais, que me faz achar tudo tão eloquentemente bonito, que tudo tem razão de ser, de estar cá para mim e para ti.
E quem és? Esperas por mim? Latejas na garganta, naquele grito que me pediste mas não soubeste guardar. Já não volto a gritar, já não te espero, acabando por não saber fazer nada mais.
Mas quem és? Amas-me? Isso chegaria para calar estas visões que tenho do meu mundo destruído, dos meus sonhos espalhados pela cinza morna, e a solidão que acresce. Aparece.
E vejo-te a sorrir. Mas nem existes. Nem sequer me procuras.
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