Thursday, October 09, 2008

maledictione

Há sempre a promessa entranhada, e o desejo de fazer sempre melhor. Há talvez uma solidão tão exarcebada que pretenda ser camuflada em tudo o que sou, faço, em sobriedade ou fora dela. Frugalidade completa desfeita na noite, é atestar que sou fraca, e frágil, que o choro entalado sempre sofre, sempre foge, e sempre existe. Isso não é conseguir ser algo mais, é retardar toda a muralha em invasões lamacentas, é cantar a noite, gritar o dia. Mesmo que não me veja quando levanto o abrigo, na altura sinto-me melhor, passadas horas de correria sinto-me perdida. E é isso que sempre vem, a vertigem, a escuridão do que sou, os espectros que tenho e que não consigo deixar partir, ou destruir. E depois? Sobra a madrugada, o coração apertado, a crença que o futuro é igual a ontem, e isso é não ter esperança.

Quando conseguir desiludir alguém não saberei pedir desculpa. Tenho a sensação que o faço sempre sem ter as consequências que deveria ter. Talvez já seja essência, talvez já seja o que sou. Desenhada para ser assim, as mãos a pedir outras mãos, o corpo a pedir abraço, a alma a pedir refúgio. E secalhar, provável é não mudar. E no meio de tudo nem em deus acredito. No meio de tudo, sinto falta não sei de quem, se de quem já foi, se de mim, que nunca fui.

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