Aprendi a não confiar mais. Tudo o que sou dou somente às poucas pessoas que um estado que descrimino agora, neste momento, sabe deslumbrar. Sei que a consciência plena das coisas que não se vêm é cegueira inconsciente, e por isso não pode acontecer. E se acontece, tem de ser erradicada imediatamente. Mas não o consigo fazer; não sei desfiar pensamentos em acções, não sei ser eu, sem ser verdadeira, e magoando-me, tento não confiar. Mas eu confio em vida, quando os passos ressoam nos ouvidos; e naqueles que não sabem ouvir, que se sentem na palma dos pés, o mesmo chão que se pisa. Há loucura na espera de um estado que a infância reteu? Há loucura nisso? Será que eu tão pouco me perco mais em divagações que são tão cépticas quanto certas, tão desesperadas como repentinas?
E sei que o não confiar mais é minha culpa. O ser humano é um animal maldoso. Nasceu para tentar ser feliz, e arrastar com toda essa tentativa a felicidade de todos os outros. Não porque queira magoar, mas porque é totalmente necessário para que a extrema felicidade, que nem existe, se tente alcançar. E eu, sem maldade em mim a não ser o ciúme de quem não me vê, a inveja que de pura não é rara em mim, nada mais de maldade tenho. E quem perde sou eu, porque na filosofia que canto isso significa que nem a felicidade extrema procuro. Talvez apenas o abrigo, e com ele o embalo.
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