Friday, January 23, 2009

A frieza é susceptível. Não gosto da sinceridade ser substituída por muralhas agrestes e feias; já dizia Theodore Adorno, "a mentira, que foi outrora um meio liberal de comunicação, transformou-se hoje numa das técnicas da insolência, graças à qual cada indivíduo estende à sua volta a frieza, e sob cuja protecção pode prosperar". Nada mais significa que a mentira e a frieza, ainda que distintas são no fundo a mesma tinta que cobre uma máscara diferente apenas na simplicidade.

Não entendo tamanha tentativa de retrair o bem, mesmo não se fazendo o mal. Mas no fundo, o que sobra? Solidão e batimentos cardíacos tão descoordenados, que juro poder morrer a qualquer minuto? É isso que procuras? Que as tuas muralhas não venham a proclamar fracasso, e por isso teces vitória antes do tempo. Não temo o meu império ser abalado por cinquenta biliões de falsas palavras; antes fosse um império de cinquenta biliões de soldados. Porque nada alcança o coração como a loucura da bondade e a sinceridade do toque. O desejo que flui, no corpo que treme ao pensar que uma alma nos pode pertencer como julgamos a vida nos pertencer também. Só uma coisa me assusta, ter pouco tempo de te encontrar; de encontrar um arco em que reter a simplicidade da perfeição que procuro, a obscuridade dos caminhos que galgo. Não só tenho medo de não ter tempo de te encontrar, como tenho medo que não tenhas ânimo de me achar perfeita para ti; de no fundo nada ser suficiente.

A hipocrisia diz-me que me cale. Eu nem sempre sou justa naquilo que escrevo, mesmo que sempre sincera; sei-o. Não sou fraca, contudo penso ser mais forte que realmente sou. Mas não gosto quando palavras bonitas são omitidas para se transmitir um desejo que não é verdadeiro. Para se ultrapassar os horizontes que construídos, não são bonitos, falta-lhes tinta, mas estão cheios de máscaras vazias como o arco, vazias de receios, mas contudo vazias de mim. Eu dou-me a quem me quiser amar.

1 comment:

Mary said...

Eu amote. :)