Thursday, January 14, 2010
Isso, desenha o teu corpo no meu, através desse abraço cerrado, cerrado de si e cerrado de desejo. Contorna as tuas mãos nas minhas, delineia o corpo doente, teu, meu. Sorri; as covas que fazes no olhar cansado, penetrado de desilusões e expectativas, de surpresa e gratidão, são também elas minhas. Amo o teu olhar sorridente, não gargalhado. A paz que acode, já tão de dias sufocados e medrosos. Calados dos estilhaços das guerras travadas ao largo do coração dado. Tu sabes os meus sofrimentos, começas a entendê-los como ao teu próprio nascer, aos passos dados. Fazes-me renascer naquilo que antevi; és o meu cheiro a eternidade. Tocas-me e sinto-te a morrer comigo, ao meu lado, num compasso nosso. Que irás perder-te comigo, na longevidade, nos medos precoces e temporões, nas coragens que virão. E que são desmesuradas também. Deixa-me dizê-lo; não te perderás de mim. E o que temos não é cumplicidade, é entendimento das raízes, das veias; no fluxo sanguíneo que se sente no abraço que desenha o meu corpo no teu. E aquilo que me ensinas é que não há forma de saber se é certo, mas que quem não arrisca quedar, não voará. Te garanto que voo já.
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