Thursday, June 24, 2010

Mentalmente comparei-te a um copo de água, e senti pânico. Tão somente um quente crescente a subir, a calar-me a força que somei uns dias, e esgotei em tantos outros. Tu és a água que cala a minha sede; estranho como nem os livros são capazes de calar tão fielmente, furazmente, esta fuga de sabedoria, esta necessidade de querer mais, esta febril saudade do meu universo infantil, e perversamente imaginário. És tu, orgulha-te, quem me faz as noites mais quentes terem pirilampos, e quem no meu pânico, é água num copo de água. Realiza-me os sonhos, foi tão somente o que te pedi. Mas não é bem isso que eu quero. Quero somente que fiques assim, comigo, no corpo dado sem perdão, nos passos comprimidos ao redor da tua protecção. Porque a pouco e pouco os meus sonhos calam-se, e iniciam a sua metamorfose num corpo grande, protector. Aos poucos tornas-te tu no meu sonho, e eu não temo mais, nem me importo, de mudar todos por ti. Porque és tu quem me faz trazer este sorriso. És quem me faz cantar baixinho, és quem me faz dançar por dentro, e querer somente a tua alma a dançar comigo.

Por isso, és tu a minha água no copo à minha frente. És tu a minha sede. Selvajaria. És tu as minhas palavras.

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