Sunday, April 12, 2015

As coisas que se faz quando temos os olhos bem abertos. Por vezes. Coisas que fazemos sem sentir, ou no desembaraço da dormência. Coisas que tão grandemente se estranham, como se nem nunca se tivessem passado. Se não no âmago do nosso desconforto. Um sentimento tão puramente bizarro. Tão amargamente doce. Quem fui eu naquelas horas se não apenas a marca do que então senti. Que culpa têm as estrelas e as horas contadas se não a mesma culpa que eu mesma tenho em ser doentemente dada aos meus abismos. Às minhas sombras pastéis e negras. Que me fazem depois de meses pensar assim, sentir assim. As desculpas, o atraso de as sentir. Ou eu permanentemente me dissolver em desmedida compaixão pelo nada sentir e depois tudo o que sinto se acumula e se explode dentro de mim. A Madalena que fui há uns meses fui eu. De olhos abertos e peito erguido ao mundo nosso. Errei por poder errar. Agi por poder agir. E essa é hoje a minha queda. É hoje que temo que o que fiz não tenha sido suficiente para me fazer sentir mortal. Para me fazer sentir angustiada por uma mudança que sempre teima em se ceifar. 

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