Thursday, May 12, 2005

Quem foi que pintou o céu? Nunca me interessou muito o facto da observação. Pouco me importa agora. Mas às vezes dou por mim á procura, incessante. Por tão pouco que temos em comum, por tão pouco que falamos, mexes comigo. Nas horas vagas não procuro por ti. Não quero saber sempre onde estás, com quem estás. Devia ser importante. Não te procuro com o olhar. Mas quando subitamente apareces perto de mim, ou relativamente perto perco-me em ti. Não em ti, não na tua presença física. Em ti, no teu estar, no teu agir, na tua beleza informal de ouvir, esperar a vida. Pouco falamos, ou nada. Estás farto de me dizer que nem sempre é preciso falar. Mas estou-me a fartar dos silencios. Eu não queria estar calada. Gostava de te contar que amo a vida, aquilo que amo ou que já não amo. Aquilo que faz parte de mim, dos meus dias. Pode haver tanto para falar, mas as coisas simplesmente não saem. Ficam entaladas, engasgadas na garganta. E ardem, fazem-me ficar agoniada, e desesperada. Fazem com que a minha cara fique roxa.
Antes sentavas-te a minha frente e davas-me a mão. Ficavas ali a observar-me e eu simplesmente não aguentava o teu súbtil olhar, mas irreverentemente carregado, e descia o olhar para as nossas mão entrelacadas. As tuas mão queimadas pelo sol abraçavam as minhas brancas de madalena. A perfeição das tuas seguravam a timidez das minhas. Tal como o teu olhar segura o que me vai na alma muitas vezes. Sei também que os sentimentos vêm e vão, e sei que através da nossa amizade só existe um silêncio superficial, talvez carinhoso mas altamente permanente. Nada mais.

Só isso.

1 comment:

tin tin said...

possivelmente as palavras mais bonitas que te vi escrever.. elas não vêm por si só