Ao mesmo tempo que este grito me aflora na garganta, e me faz querer guinchar, e bater em tudo, partir tudo, fazer um Império desabar e espezinhar nos jardins de tudo o que construí, ao mesmo tempo que tudo isso acabo por ficar apenas sentada. E o grito, que aflora na mesma, não é gritado, não sai, não há destruição à vista.
Ao mesmo tempo que preciso que todos saibam, sei que nem todos vão saber, tanto como ninguém vai descobrir.
Sinto tudo do pescoço para cima, e nos pulsos e em cima do umbigo. Fechar os olhos já não serve de nada, é pior, há visões que me assolam como se eu ainda hoje sentisse tudo o que senti. E sinto.
Os pêlos levantam-se, arrepiam-se de memórias que flangelam, que queimam a garganta, que tecem pesadelos que hoje respiram como se sempre tivessem feito parte de mim. É um choro preso, um daqueles que nunca mais acabam. E que nunca começam.
E passa sempre. Dói-me o peito, e a morte está em cima de mim.
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