and when I'm done I feel like talking

Nunca pensei que poderia estar apaixonada por ti. Como quem adormece no sofá sem pensar que acordará cheia de frio. Talvez foi a distância que me fez aperceber que sim, fui apaixonada por ti. Mas uma paixão de amizade, de dias longos e alcatroados em eternidades que nunca foram nossas. Porque não éramos eternos, o amanhã era um sonho do qual não iriamos mais acordar.
Dispersa nesta agonia de ter de ser eu, sem me querer ser sem ti, apercebo-me que talvez foi bonito, mais bonito, o destino, este nosso de sonhos e genuinidade, ter sido espelhado de luz assim. Lembro-me de ti como se me caminhasses na pele. E bem, caminhas. Mas sinto-te, é estranho, como se me passasses as mãos pelas costas, e o teu hálito fresco, e o teu olhar que me queimava as pestanas e me deixava dormir melhor.

Bem talvez nem tenha estado apaixonada, como normalmente se está apaixonada. Mas amei-te de forma inocente, e amo-te à minha maneira. O melhor é que me amaste por te amar à minha maneira, e dizes-me amar por eu ser assim tão eu, com as minhas caras feias. Com o cabelo escorrido de chuva, o nariz vermelho de neve, e o olhar de avelã escondido por detrás das minhas pestanas queimadas por um sol que era tão pequeno onde caminhávamos, e por detrás da tua alma também. Porque nos amávamos sem saber.