Monday, May 12, 2008

Por vezes debruço-me neste cansaço tão negro, tão meu, que me cobre a pele de fuligem monótona. Empalideço, sem adormecer, e dói. Um coração cansado de correrias solitárias, que me engasgam e fazem querer fugir do que sou. Sou tão simples, mas aperta, o aperto, e tremo sem ti, sem ninguém. São estes anos todos que ultrapassam os dedos que tenho nas duas mãos, de medos, brusquidões e escuridões. Isto que sou, tão eu, tão pequenina, tão de todos como me aceitam e rejeitam. E tudo o que sou e sei é saber o que sinto, pouco mais sei, pouco mais consigo querer fazer. Pouco mais desejo. Mas sou como todos;

Quero poesia, e um verão escaldado. Uns braços quentes, ou mesmo frios, que esmaguem este torpor e solidão enlouquecida, esta saudade afogada no tempo que se perde e escorre nas pestanas longas de mim. É tão injusto querer-te, sem te saber a cara. Só sabendo as promessas que me tiraram, aquelas que voltam, retornam, desmontando castelos, enrolando-te na areia. Aquelas que galgam os poros, arrepiam a alma e partem sem pensar que só o seu cheiro me faz sonhar, e ser feliz, antes mesmo de eu o poder ser.

2 comments:

Anonymous said...

numa palavra : sublime

F.. said...

Numa palavra: não sei se dá, mas o que é facto é que é impressionante. Quer seja por ser verdadeiro ou fabricado. E já está prometida a não rendição a este meio de comunicação e mesmo dizendo isto já deixa de ser verdadeiro, conserva uma possibilidade de surtir um efeito. It's all just bullshit. Só sei que gostei muito do que li e que fiquei particularmente tocado por uma coisa, não sei é se tu interpretaste o seu significado como eu.