Corremos em direcções opostas, quando eu era tão mais pequenina, e tu, já grande te ditavas meu protector. Assim é melhor, diziamos a quem nos perguntava o que tinha acontecido, a verdade não sabíamos ver, e preferiamos assim.
É giro ver que acabei mesmo por ultrapassar, com os fantasmas que sempre ficam, e o sorriso que sempre surge em fotografia tão antiga quanto os meus medos o são. Bom, talvez eles já não sejam os mesmos, mas tu que ficaste fazes-me ainda sorrir. Não sei de ti, já. Mas tenho a sensação que quando por acaso acontece pensares em mim, sorris também. Ao menos deixámo-nos estar, em pé de mão colhidos, agachados em solidão. Deixámo-nos cozer pelo sol, deixámo-nos levar pela ventania. E ainda assim, a raiz não deixa partir. Seremos, teremos sempre o solo, teremos sempre a água, e quando te vir saberás que penso o mesmo que tu. Que te quero tocar na mão e dizer que só guardo o que foi bom, que tenho saudade, mesmo que o que tenhamos sido, pudesse ter sido muito maior.
Tudo o resto é asseverado pelo entardecer; não te escondo nada, podes perguntar.
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