Tuesday, December 27, 2011
O desconsolo sonolento levanta as hastes novamente e sussurra-me nos lábios meus, teus também, que o ontem morreu finalmente. O meu fraco tímpano no entanto acredita ouvir as notas da mudança, uma certa valsa mecânica e exagerada que sempre retorna em alturas destas, em que o ano morre e em que terminamos nova volta ao astro nosso, quente como as nossas almas começaram 365 dias atrás, também. Esse timbre da esperança, essa crescente confiança em filosofias vagas e tardias, mas sempre bem-vindas. Hoje não quero nada mais, não há se não desejo mais fervente que lapidar brutas consciências e gritantes expectativas de que a nova meta seja mais apaixonada, mais cheia, mais comum e minha. Não sei bem se há um limite no ser que sou, ou no ser humano que vai e se desgraça, e que é o mesmo que eu. Já não sou nem vaidosa, nem humilde, nem desgraçada ou perdida. Talvez um pouco falida ao consolo, falida ao vaivém doloroso da vida que eu já não sei descodificar. Sou uma chama tremida no convés de um navio. Um navio com porto e aconchego. Um navio em casa, porque casa é tudo o que sou. Quero mais, como sempre, mas vou alimentado fábulas que me desgraçam e degolam as vontades. E o meu coração acredita, e acredita, e acredita. Há algo que me faz tropeçar em frente, não em passados, mas a vida passa, e solidifica-me a solidão, esta apaixonada e perdida solidão, a mesma de sempre. Resta-me senão que me deixe levar, e tentar enternecer os passados meus com os futuros tão iguais a sempre. Talvez deixe só desta vez que a rua me leve, hora acima, no relógio da noite, sentindo o meu coração a acender-se novamente.
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