Saturday, April 22, 2017

Será que estou intitulada a partilhar tudo aquilo que sinto num espectro público sem esperar ser condenada? Será que sentir coisas menos correctas me tornam incorrecta? Será que esta dor que porto é ofensiva para os outros, ou apenas para mim? Porque me dói, e às vezes dói-me mais nada sentir que tudo de mal sentir. Aos poucos as cordas partem-se e projectam-me para longe. Como um violino desafinado, é como me sinto quando as partes robustas de mim amolecem e eu parto-me ainda mais em mil bocados que nunca mais volto a encontrar. Tenho lágrimas mas não vontade de me separar delas. Prefiro antes que elas me inundem e me deixem a flutuar, sem nada ouvir, sem nada ver se não o azul do céu e um precipício de negro debaixo de mim. Quero desaparecer sem me ir embora. Quero ficar e deixar de ser invisível. Quero inundar-me e nada ouvir. Nada ver.

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