Saturday, May 27, 2017


O que fazer quando a confiança é abalada? O que fazer quando se vive em paz e um terramoto abala e rouba tudo o que tinhas? A tua casa. Os alicerces do que faziam dela um investimento emocional. As portas que abriam sem ranger e de repente tornadas em pó. O que fazer quando julgas que vives a tua vida num certo fado, e encontras sem esperar nós e mais nós que te dizem que tudo não era afinal como previste. Que as histórias que ias marcando em ti, tinha afinal outros fins? Como sentir quando se dá tudo por algo que sentes se não cada mais longe de ti? Que tudo o que foste, ofereceste, cedeste desde tempos quase imemoriais, não corresponde à verdade? Que afinal ele não é como sempre sentiste ser. Que já não é aquele que ofereceu todo o simbolismo num colar, que te protegias e te arredondava nos seus braços numa cadeira de palha longe, ao sul. Que se deixou selar em profundezas escuras em vez de tratar de ti. Que mesmo quando tu trataste dele, se deixa esfolar e atirar contra muralhas perigosas. Que escolhe atirar-se contra essas muralhas afiadas, sabendo de antemão se destruir, e com ele também tu? Como lidar com essa desilusão? Essa dor tão brusca. Tão silenciosa e pegajosa, que não se liberta de ti? O que fazer quando não vês um fim à encruzilhada de dor, mas o amas tanto assim? Quando não sabes o que sentir, o que fazer, quem ser; se ser tu mesma ou se ser outra para que possas ser mais forte e deixar de assim te sentir. Será que algum dia me irei sentir menos infeliz? Menos atraiçoada? Será que um dia irá doer menos? 

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