Saturday, November 25, 2006

pausa sonhador

Li-te e descobri em mim saudades que matam o amor ao desconhecido. Sinto a falta dessa mágoa que te fazia arder os olhos na minha direcção, e pedir-me a consciência que na tua desilusão não sabias sentir. De vez em quando continuas a chamar em mim a vivência, em mensagens escritas que de pequenas leituras, são agora, por não haver cartas, pedaços do que sois e que me fazes lembrar. É triste sentir a falta dos teus abismos, daqueles em que tu te debruçavas cada vez que amavas um bocadinho mais. Não sabias evitar, como eu antes também não sabia. E eu sentia-me mesmo amiga, mesmo confidente sabes? Não útil, mas amada em amizade. E agora longe, na frieza dessas mensagens, duas em quatro meses feitos, já me sinto assim angustiada de necessidade. Assim como me sinto precisa dessa escuridão.
Por outro lado sou hoje melhor. Mas não é um melhoramento que toda a gente consegue ler. Por detrás do que se sente e do que se lê esconde-se a minha escuridão, o meu coração. E sei que é aí que está o meu ensinamento.
Não sou ninguém mais depois da partida. Amo mais, tenho mais perdições, mas sou eu, pequenina como sempre. E mais, tenho em mim, incoscientemente a prioridade daqueles que amo, e um pouco o esquecimento daqueles que me fiz esquecer ou que o coração bate e me odeiam na ridicularidade da minha partida, que parece eterna.
Eu sabia ser assim, o esquecimento, o silêncio marcam-se por detrás de não se sentir saudade. E já não sei quem mais sente a falta de mim, ou pelo menos pequenos vazios que mesmo retalhados não encaixam como uma alma portuguesa na cidade onde pertence. E não sei se dói, só observo.

2 comments:

Mary said...

Sabes Mê.. parece egoista fazer-me sorrir aqui deste lado do oceano, sempre tão pendente a alguém que também sente a tua falta. E para mim, é feio pensar que tu ai não tens o apoio que aqui eu tenho, a nossa casa, a mae e o pai, e a mafalda também.
Mas também é bonito pensar que é com isso que sonhas. Com o abraço que parece não querer chegar aquele aeroporto de anseadade.
E sabes M?.. É isso que me vai mantendo viva e com vontade do amanha, porque viver não é estar cá e respirar, é sorrir e querer saber do mundo. E eu hoje em dia já sou capaz de conseguir isso de mim mesma, e então já não olho para trás, pra saudade que vai ficando. Olho para a frente, para o mar e para as estrelas, porque isso sim Mê. São as poucas coisas que me aquecem, e não me deixam esquecer.
Muitos beijinhos Mê.
AMOTE TANTO TANTO, todos os dias e todas as horas, todos os sonhos e respirares; porque te tenho a ti em mim. No coração.

Anonymous said...

Queria-te perguntar se este texto, em parte, foi para mim. Nao sei... talvez nao. Talvez esteja a ser demasiado egocentrico. A verdade e que eu sinto falta dos teus abismos. Mesmo depois de tudo... Foi bom eu sentir que sim, que era para mim. Como um sinal de esperanca no tunel das asneiras que ou eu, ou tu, ou ambos fizemos durante estes ultimos meses de frieza. Ainda hoje vivo com a tristeza com que te deixei e me pergunto se fui.. se fui o que esperavas que eu fosse para ti. Para a nossa amizade.