É angustiante a maneira como sinto a tua falta, Lisboa. As tuas mil ruas, que reflectem em poças as mil caras de um inverno português, tanto como nomes de quem sonha mais alto que a lua. Sonhar, eu hoje sonho contigo.
Sei-te no entanto que te quero manter longe, quero ansiar os eléctricos, as alamedas, as ruelas que são tão pouco paralelas, aquelas que eu amo. Quero desejá-las um pouco mais do que já desejo agora.
Na verdade nem sempre gostei da tua anatomia; fazia-me suar demasiado, mas depois havia aquelas criaturas amarelas que recorriam em temporais de frio ou calor. Sempre que pudéssemos.
A memória de ti faz-me sorrir, não é como a memória de tantas outras coisas, ou de não tantas assim. A ausência dos teus caminhos, do comboio, do teu cheiro faz-me hoje dar erros gramaticais que nunca cometi, porque a minha precoce leitura de estudos adultos (adj. que atingiu a maturidade intelectual) encarregou-se de criar fantasmas em mim, cedo demais.
A tua calçada portuguesa que cabe em ti como eu não caibo na minha pele, entorpece-me os olhos, a boca, todos os meus poros que respiram esta inteligência patriota. O teu mar, o teu rio, tudo em ti eu amo.
3 comments:
A mim também?
é.. faz respirar devagarinho essa tua ausência.
Mas depois sonho tantas vezes que voltas cedo de mais. Parece maldade, mas quero-te só mais um dia longe de mim, para depois, sim, ser muito melhor.
E sabes que estou sempre ai M.
Dentro do teu coração. Como tás dentro de mim.
Cada vez mais me lembro das nossas “discussões” em que eu defendia com unhas e dentes que não havia nada melhor que este país, tu quase que me passavas um atestado de estupidez. Os Tempos mudaram, hoje já me dás razão e só por isso já acho que a tua ida valeu a pena, porque não há nada pior que alguém não amar o seu país, é como negar a sua família. Lisboa também sente a tua falta. As ruas, a calçada, o Tejo, os eléctricos já sentem a tua falta. Também eu tenho sentido a tua falta…
Mas a malta aguenta mais uns mesitos, não aguenta?
BJS
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