Sunday, August 31, 2014

Irritação. Raiva. Olhar directamente nos olhos do que se quebrou e ver que o que se julgara inteiro não ter valido de nada. Deparar-me com imagens diárias e lembrar-me que de fachadas se cobre o mundo. Que os interiores são quebradiços como teias de aranha. Chato, talvez, mais que triste, entender que só eu me perco nestas divagações e realizações, e que os outros se limitam a esquecer. A esquecer-me. Triste, sim, desse prisma, que o olhando para trás a lembrança não acalenta, mas simplesmente dói. Dói e sangra, e azeda a cada dia. E que a cada dia há menos lágrimas, há menos entendimento. Há apenas mais irritação. Mais raiva. De não saber porque dou tanto, quando já aprendi que de nada vale. Que nem mesmo acreditar que vale sempre a pena, por essa ser senão a forma como sou, nem ainda assim valerá alguma vez de facto. E dói, porque querendo-me ser fiel, tudo o que é espelhado é a invalidez dessas tentativas, ásperas como cal, como o meu coração hoje. Este meu cansaço em 25 anos, é estranho, mas quase absoluto. Dói-me pensar. Não me apetece sentir. Porque todo o meu cansaço é perdido na tentativa de somente ser. Ser mais minha, menos dos outros. E no fim não consigo. E essas caras surgem-me e tudo o que sinto é raiva, um quase ódio sem rancor, um misto de desagrado, saudade, desesperança e abandono. E sabedoria de quem sabe que todos os trilhos remetem poços fundos, uns mais que os outros, e nem todos se lembram que a passada marca o compasso de onde vamos para onde vamos. E que a consequência é inevitável. E que as dores minhas não surgem da minha escuridão, mas que pelos abandonos constantes cada vez menos acredito que haja amor em amizade. Amor puro de quem não abandona. Apenas só não falha o mesmo sangue, e apenas porque não pode.

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